Símbolos de orgulho pericisdissidentes

A seguinte pergunta foi enviada ao blog:

Olá, bom dia! Gostaria de confirmar se existe um símbolo representativo para travestis. E para não-binariedade? E para pessoas intersexo?

A pessoa que perguntou também tentou enviar um exemplo de símbolo, mas provavelmente por seu endereço ter caracteres incomuns, o que chegou foi algo que vai pra página inicial da Wikipédia. Vou presumir que a pergunta não se trata de bandeiras, visto que ao menos a bandeira não-binária mais usada é fácil de achar e possui um consenso fortíssimo da comunidade.

Enfim, um símbolo comum para a não-binaridade é o círculo do qual sai um asterisco, geralmente para cima. Link aqui. Ele também é ocasionalmente grafado com X ao invés de asterisco, como acontece aqui.

Em relação a pessoas intersexo, a coisa fica mais complicada. Uma pesquisa vai gerar resultados para um símbolo que combina os símbolos de Marte e de Vênus em um só (algo que também ocasionalmente se usa para representar pessoas bigênero homem/mulher, pessoas trans, pessoas hétero e por assim vai).

Existe o símbolo de Mercúrio, mas ele também é usado para outras coisas (ainda que mais raramente) e talvez não seja tão reconhecido. Um símbolo associando uma combinação entre os símbolos de Mercúrio e de Marte com ser intersexo pode ser encontrado aqui. Finalmente, existem orquídeas, que também não sei o quão amplamente são reconhecidas.

Deixei travesty por último por ter a resposta mais complexa.

Existe um símbolo que é como uma letra T saindo de um círculo, disponível aqui. Este é um dos símbolos divulgados por Cari Rez Lobo, com este sendo para travestys não-bináries. Cari diz que fez isso com “outres não-bináries” (citação direta do link acima). Portanto, pode ser que travestys não-bináries estivessem entre es envolvides na criação do símbolo, mas também é possível que ninguém lá fosse e que só não queriam deixar uma identidade tão comum de fora.

Dito isso, não conheço nenhum símbolo usado para falar especificamente da identidade travesty que eu consideraria facilmente reconhecido ou que tenho certeza que foi cunhado ou adotado amplamente por tal grupo. Em eventos e afins, geralmente vejo símbolos e bandeiras trans sendo utilizades (símbolos, no caso, como este). Mesmo assim, há travestys que podem não se considerar trans, assim como travestys que podem não se ver nem em símbolos binários e nem em não-binários.

Na resposta a seguir há mais detalhes sobre isso.

~ Ás

O movimento travesti foi construído de maneira muito diferente da forma identitária que estamos acostumades, com símbolos, bandeiras e outros como forma de resistência e reafirmação de identidade. É bom lembrar que o movimento travesti e a visibilidade travesti são nativos da América do Sul; elus tiveram um desenvolvimento diferente de outras pautas NHINCQ+ pelo mundo, já que estão inseridas num contexto terceiro-mundista. Os atos de resistência e de não-conformidade de gênero do movimento datam de mais de 50 anos atrás, incluso o pajubá, dialeto próprio muito rico e diverso (inclusive, há 40 anos, já se documentava “elo” no dialeto próprio: linguagem neutra!)

Não acho que haja algum símbolo muito usado dentro da comunidade travesti/travesty, ou bandeira – eu convivo com pessoas travesti e nunca vi algo do tipo. Mas elus têm outras formas de resistência só delus, que infelizmente têm pouca visibilidade no Brasil mesmo após décadas de história. Dialeto próprio. Vocabulário próprio. Travesti é uma identidade diferente de qualquer outra pelo contexto que ela inseriu e se desenvolveu.

Mas, se você for travesti e quiser um símbolo de resistência que fuja do símbolo transgênero/bandeira trans, você pode planejar um que tenha contexto histórico (foi assim que surgiu boa parte dos símbolos de resistência de outras identidades marginalizadas), ou buscar na comunidade algo que satisfaça suas necessidades. Outres travestis já devem ter criado e usado símbolos de pouca visibilidade ainda dentro da comunidade que podem ser incorporados à luta!

~ Muriel

Aviso sobre nossa conta de Twitter

Por conta das mudanças na política de API do Twitter, o que prejudica o compartilhamento automático de postagens do blog por ali, não haverão mais postagens compartilhadas deste blog para o Twitter.

Para acompanhar o conteúdo do blog, sugerimos segui-lo por RSS, pelo próprio WordPress ou pela conta de Mastodon @AjudaNHINCQ@colorid.es.

Chamada: Rodízio NHINCQ+ de 04/23 e 05/23

Boas vindas ao quinto Rodízio NHINCQ+, cujo tema é Queercore! Entradas serão aceitas até 28/05/2023 ou até que o formulário seja removido do final desta postagem.

Queercore é um tema que talvez não seja muito fácil de definir, mas que talvez possa ser resumido como um movimento artístico (que começou em zines mas que ficou mais conhecido pela música) onde há uma celebração de identidades e de vivências queer. O conceito está ligado com contracultura e movimento punk e rejeita a higienização do movimento queer.

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Compilação: Rodízio NHINCQ+ de 02/23 e 03/23

Os temas deste Rodízio foram Aliades e Expressão pessoal. Havia a opção de mandar uma entrada por tema, uma entrada sobre os dois temas ou apenas uma entrada para um dos temas.

Duas entradas foram recebidas durante o período permitido (07/02 até 13/04). Caso alguém lendo não esteja achando sua entrada aqui, peço que envie um comentário nesta postagem, uma mensagem privada para @Aster@colorid.es ou @AjudaNHINCQ@colorid.es no fediverso, uma resposta ao tópico sobre o Rodízio no Fórum Orientando ou que contate Aster por quaisquer outros meios conhecidos.

Enfim, aqui estão as entradas:

Uriel (ze/els/i) enviou esta postagem, que trata de ambos os temas. Els a descreveu desta forma:

Um texto em que respondo algumas das perguntas sugeridas, expressando as minhas experiências e as minhas opiniões tanto com pessoas aliadas quanto com expressão pessoal.

Aster (ze/eld/e) e Oltiel (-/éli/e) enviamos um podcast acerca de aliades (utilizando somente o tema em questão).

Eu e Oltiel gravamos este podcast no dia 9 de março para o Rodízio NHINCQ+ sobre o tema aliades. O áudio tem quase uma hora de duração e fala sobre tanto o que aliades fazem de ruim quanto o que fazem de bom.

O podcast pode ser conferido diretamente aqui (MP3) ou aqui (WAV); aviso de conteúdo para discussão geral envolvendo opressão e microagressões. No momento da escrita, uma transcrição está em progresso.

Chamada: Rodízio NHINCQ+ de 02/2023 e 03/2023

Boas vindas ao quarto Rodízio NHINCQ+! Eu tentei fazer uma enquete sugerindo temas, e duas opções ficaram acima das outras:

Aliades / Expressão pessoal

Por conta disso, este rodízio vai funcionar de forma um pouco diferente:

  • Será possível mandar até duas entradas para o Rodízio, sendo uma para cada tema. Favor enviar uma entrada por formulário!
    (Isto é: é possível enviar uma entrada sobre um dos temas ou uma entrada para cada tema. Também é possível enviar uma entrada que usa os dois temas. As entradas devem ser enviadas separadamente.)
  • Entradas serão aceitas até o dia 13/04 (o formulário desta postagem será retirado durante o dia 14/04).

Edição: Este Rodízio já acabou! Clique aqui para ver o estado atual dos Rodízios.

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Atração lésbica abrange pessoas gênero-fluido?

Uma pessoa anônima perguntou:

Sou uma mulher lésbica, mas namoro uma pessoa gênero fluido, isso me considera bi/pan, ou ainda sou lésbica? Até pq a pessoa flui para o masculino.

Bem, vou começar dizendo que quem deveria considerar sua identidade é você mesma, acima de tudo. Se uma situação como essa for relevante pra ti, ainda seria sua iniciativa reavaliar como você se identifica.

Sobre esse caso seu, não há uma resposta certa. Rótulos são muito pessoais. Compreendo a polêmica que geraria no seu caso e entendo se houver receio de sua parte. Vou explicar minha posição.

As pessoas podem se identificar como algo para além de uma definição geral. Você deve ter seu histórico com a comunidade lésbica para ter se firmado nessa identidade. Por isso, se você sente esse pertencimento, não acho justo você se forçar a largar essa comunidade se não for sua vontade.

O termo lésbica, assim como o termo gay, começaram como termos mais amplos para pessoas dissidentes de sexualidade e gênero. Gay já foi ainda mais amplo. Por um tempo, a identidade lésbica estava aí para toda pessoa sáfica. Com o tempo, muitas comunidades gays e lésbicas se desenvolveram para algo mais restrito; homens atraídos só por homens e mulheres atraídas só por mulheres. Mas não acho que precisa ser a realidade de todo mundo, assim como atualmente temos pessoas não-binárias reivindicando esses termos e propostas de flexibilização desses termos para incluir pessoas não-binárias.

Dito tudo isso, se essa pessoa gênero-fluido já estava inclusa em sua atração de alguma forma, não acho que a mesma não deveria mais estar por “fluir para o masculino”. Esse detalhe foi muito vago, mas seja lá o que quis dizer, minha posição continua a mesma (independentemente se flui pro gênero homem, um gênero similar, um gênero não-binário masculino, etc). Afinal, parte dela já estava inclusa previamente, não? E se fluísse pra outra coisa distante do gênero mulher e/ou da mulheridade e/ou da feminilidade, mesma coisa.

Acho importante também conversar com a pessoa. Ela ainda se sente inclusa em sua atração? Em todo caso, acredito que você pode continuar se dizendo lésbica. O mais importante é respeitar a identidade da outra pessoa, estar ciente do quanto aquela pessoa está mesmo dentro de sua atração.

Agora, se essa experiência com alguém com esse tipo de fluidez te faz se sentir deslocada da identidade lésbica, você pode considerar identidades mais gerais como bi (atração por dois ou mais gêneros) ou mais específicas como trixen (atração por mulheres e pessoas não-binárias). Depende muito de como você sente e entende sua própria atração. Inclusive, pode até combinar termos distintos, como lésbica e bi. Há muitos termos que você pode explorar, muitas possibilidades que pode considerar. Recomendo a lista de orientações do saite orientando.org.

Espero ter ajudado!

~ Oltiel

Chamada: Rodízio NHINCQ+ de 12/22 + 01/23

Este rodízio foi cancelado por falta de entradas.

Bem-vindes ao terceiro Rodízio NHINCQ+! Desta vez, o tema é o seguinte:

Família

Esta é uma palavra de muitas conotações. Algumas pessoas consideram que família se refere a um conjunto de pessoas ligado por antecedentes e descendentes biológiques ou adotades. Outras veem família apenas como as pessoas com quem alguém decide conviver, independentemente de laços sanguíneos ou de moradia.

O tema não é restrito a qualquer conceito específico de família; todas as interpretações serão aceitas. Os envios também podem ser sobre conceitos comumente relacionados com o de família: legislação sobre certificados de casamento e como afetam pessoas com diferentes marcações de sexo/gênero em documentos ou questões ligadas à gravidez quando a pessoa grávida é trans também seriam assuntos considerados dentro do tema.

Quero reforçar também que, enquanto é possível cobrir algum subtipo do tema família, entradas discriminatórias contra grupos marginalizados ou não privilegiados não serão publicadas na compilação. Ou seja: as entradas não devem invalidar relacionamentos não-monogâmicos, pessoas que querem se casar, pessoas que adotaram ou querem adotar crianças e afins.

Tudo bem ter ódio do formato de família tradicional ou rancor contra quem usou crenças religiosas para estabelecer práticas heteronormativas, só peço cuidado para que os discursos não prejudiquem grupos que não têm a ver com a história.

Mais sobre o envio do trabalho:

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Compilação: Rodízio NHINCQ+ de 11/22

O tema do rodízio de novembro foi representatividade. Com base nisto, houveram três envios válidos.

Soube de algumas pessoas tendo problemas com o formulário. Caso você que esteja lendo tenha feito algo para o Rodízio que não apareceu aqui, favor comentar nesta postagem ou me enviar mensagem pelo Fediverso (@Aster@colorid.es).

Enfim, sou Aster, uso ze/eld/e (entre outros conjuntos) e minha entrada foi Do que sinto falta na representatividade não-binária:

Um texto sobre as questões que infelizmente não vejo serem muito levantadas quando há a presença de personagens não-bináries em mídias, ao menos no momento.

Oltiel (-/elu/e) enviou texto longo sobre representatividade:

Um texto trazendo reflexões e questionamentos sobre o que é representatividade, o que ela pode ser, e o que podemos esperar dessa discussão tão longa e controversa.

Uriel (-/ael/’) enviou duas postagens que não aparentam ter nome. Links na descrição:

O primeiro link leva a um texto em que respondo as perguntas sugeridas, expressando as minhas insatisfações com a representação tanto arromântica/assexual quanto gênero-fluido, enquanto o segundo link leva a um texto em que, de forma condensada, falo sobre as consequências emocionais da falta de representatividade aroace na minha vida.

Parabéns pelas entradas! Infelizmente ando bem ocupade e portanto demorei para fazer esta postagem, além de não ter feito a do próximo rodízio. Mas logo começará o próximo rodízio, onde haverá um tempo limite de mais de um mês. 👀

Compilação: Rodízio NHINCQ+ de 10/22

O tema do rodízio de outubro foi gênero, orientação e a relação entre tais conceitos. Com base nisto, houveram três envios válidos.

mist (-/ael/e) enviou texto: orientações não desaparecem com gêneros. A descrição da entrada dael é a seguinte:

com base na quarta pergunta*, meu texto é sobre como não acredito na teoria de que, em um mundo sem discriminações, orientações sumam, ainda que gênero possa sumir. mas é tudo bem especulativo.

* (a pergunta em questão: Num mundo com a opressão baseada em gênero reduzida ou inexistente, como seriam vistas as orientações que são tratadas como dissidentes em nossa sociedade?)

Minha entrada (sou Aster; conjuntos ze/elz/e e -/eld/e) é um texto chamado no homo (mas de forma não-binária). Descrição:

Uma análise do meu desconforto com certas identidades diamóricas. No entanto, já aviso que minha intenção não é invalidar quem usa tais identidades, ou convencer alguém de que tais identidades são problemáticas.

Por fim, temos um texto de Oltiel (-/elu/e), Sim, minha sexualidade mudou. Elu descreve-o como:

Terminei um texto sobre minha descoberta e redescoberta a respeito de minha sexualidade, falando como me entendi inicialmente e como cheguei ao meu entendimento atual. ✨🌈

️Parabéns pelas entradas! Mas espero que mais gente participe da próxima vez. Caso haja interesse na proposta, a chamada para o segundo rodízio já foi enviada. ;]

Chamada: Rodízio NHINCQ+ de 11/22

Bem-vindes ao segundo Rodízio NHINCQ+! Desta vez, o tema é o seguinte:

Representatividade

Segundo Dicio, estes são os dois significados de representatividade:

Qualidade de alguém, de um partido, de um grupo ou de um sindicato, cujo embasamento na população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu nome.

Qualidade de uma amostra constituída de modo a corresponder à população no seio da qual ela é escolhida.

Embora seja mais comum eu ler sobre representatividade NHINCQ+ na mídia, o tema não é restrito a isso. Quem quer falar sobre representatividade na política, no trabalho, na vizinhança ou qualquer coisa assim pode.

Descubra como enviar seu trabalho e veja sugestões de abordagens após o corte!

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