Eu estava com algum tempo livre, então decidi fazer a seguinte imagem falando sobre estetigêneros.

Descrição da imagem:
Estetigêneros
O que são:
• Identidades de gênero baseadas em/relacionadas com estéticas.
• Como quaisquer xenogêneros, são identidades pouco conhecidas/ utilizadas, mas tão válidas quanto outras experiências não-binárias.
O que não são:
• Identidades para pessoas cis que simplesmente gostam de ou usam roupas de acordo com certa estética.
• Identidades que são sempre cunhadas/utilizadas por trolls tentando difamar a comunidade.
Alguns exemplos de identidades que podem ser consideradas estetigêneros:
Caelgênero: Um gênero esteticamente relacionado com o espaço/cosmos.
Córique: Alguém cuja identidade de gênero é relacionada a alguma coisa “-core” (emocore, scenecore, etc). A pessoa pode usar o prefixo em questão (metalcórique, etc).
Fleurgênero: Um gênero relacionado com uma estética de leveza/suavidade, como cores pastéis, flores e afins.
Fluidestelar: Uma forma de gênero-fluido ligada à energia ou à estética de espaço/estrelas.
Gênero-esmeralda: Um gênero esteticamente relacionado com esmeraldas que é neutro e vagamente fluido.
Gênero-praia: Um gênero xenino esteticamente envolvido com praias e/ou um gênero que possui qualidades comparáveis com uma praia.
Gênero-bússola: Um gênero ligado com um ou mais pontos cardeais e com arquétipos associados com eles.
Gênero-noir: Um estetigênero baseado na subcultura gótica.
É comum gêneros serem definidos por arquétipos. Porém, muitas pessoas não conseguem ver seus gêneros se encaixando em arquétipos de feminilidade, masculinidade e afins, ainda que não sejam completamente sem gênero. É daí que vem a ideia de relacionar o próprio gênero com outros conceitos.
Fim da descrição da imagem.
Para expandir um pouco, uma página que explica com mais detalhes o que são xenogêneros (uma categoria de identidade de gênero que abrange estetigêneros, entre outras identidades) se encontra aqui, e umas postagens que falam com mais detalhes dos gêneros-bússola se encontram aqui.
Além disso, quem é fluidestelar pode mudar entre gêneros quaisquer (ou seja, não precisam ser necessariamente caelgêneros), mas há alguma ligação com espaço/estrelas que permanece.
A maioria destes rótulos está disponível em postagens separadas em Colorid.es aqui!
E, bem, já que eu sei que toda vez que falamos algo sobre xenogêneros aqui isso vira motivo de “discussão”, gente que “não entende/acredita” e ódio…
Sinceramente, pouco me importa se alguém é, por exemplo, caelgênero, por ser uma pessoa não-binária que incorpora uma estética de espaço nas coisas que usa e em sua expressão de gênero, ou se a pessoa só consegue definir o próprio gênero se disser que é como se fosse um vácuo imenso ou uma estrela anã branca por conta de características como ser algo muito importante para a vida da pessoa ainda que seu gênero seja fraco ou nulo, ou o que for.
Qualquer pessoa não-binária sofre por não ser cis e por não ser binária, e não é querer achar rótulos que se encaixem melhor, que sejam mais legais ou que combinem mais com outros aspectos da vida da pessoa que vai merecer repressão por “comprometer a comunidade” ou “se passar por algo que não existe” ou qualquer outra desculpa usada para censurar pessoas não-binárias.
Pessoas não-binárias merecem ter linguagem e símbolos para se expressarem, assim como pessoas binárias têm essas coisas de sobra. E merecem não ter essas coisas constantemente questionadas e “problematizadas” (entre aspas porque a maioria dos motivos usados para dizer que esses rótulos são problemáticos tem a ver com querer se assimilar a estruturas normativas), tornando ambientes hostis a pessoas que querem usar termos específicos e/ou que estão ainda em busca dos termos certos para suas identidades.
Também é válido lembrar que muita gente não usa rótulos como xenogênero, estetigênero, ou até mesmo não-binárie, mas prefere definir seu gênero usando nomes de coisas, animais, estilos, sensações e afins; estas pessoas são tão válidas quanto qualquer pessoa que usa termos como gênero-praia ou fluidestelar.
Desejo forças a todas as pessoas estetigênero que precisam lidar não só com o exorsexismo de sempre, mas também com ódio mais específico contra identidades como as suas, até mesmo dentro de comunidades não-binárias.
~ Ás
” um vácuo imenso ou uma estrela anã branca”
Acho que isso se encaixa no gênero estrela.
CurtirCurtir
Não necessariamente.
Em primeiro lugar, caelgênero é um termo guarda-chuva que engloba qualquer identidade de gênero relacionada esteticamente com o espaço. Uma pessoa que tem essas experiências de gênero não precisa usar rótulos mais específicos, assim como alguém que não tem gênero pode se dizer apenas não-binárie ainda que também possa usar termos como agênero ou sem gênero, caso queira.
Em segundo lugar, gênero-estrela também é um rótulo extremamente abrangente, que ainda que possa incluir se alguém quiser a interpretação “um gênero que só pode ser descrito como uma estrela” (que vem da definição “ter um gênero que é o mesmo gênero que uma estrela teria”, ainda que isto seja algo um pouco diferente), também tem uma série de conotações que não são necessariamente relacionadas com ser caelgênero (como ter um gênero desconhecido que nunca vai se encaixar em um rótulo mais específico ou ter um gênero que não parece humano ou terrestre). Acho possível que alguém com estas experiências que descrevi não queira necessariamente se descrever como gênero-estrela.
Além disso, se for pra especificar, gênero-vácuo tem bem mais a ver com ter um gênero que é um vácuo imenso do que gênero-estrela. Mas, novamente, esta é apenas uma das interpretações do rótulo gênero-vácuo, que também é usado por muita gente que simplesmente não tem gênero, sem nenhum significado relacionado a ser caelgênero ou xenogênero.
Finalmente, quero dizer que esta resposta, ainda que longa, não tem a intenção de ser um ataque. A questão é que, ao resolver responder a esta postagem não para falar/perguntar sobre um dos rótulos definidos nela ou sobre um dos pontos levantados nos meus comentários, e sim para pegar um exemplo específico – o qual continua correto não importa o quanto seja possível também usar termos mais específicos – você parece ser uma das pessoas que contribui para a tendência nociva de que toda vez que existir um termo mais específico para algo, ele precisa ser utilizado, como se termos diferentes nunca possam ter similaridades ou sobreposições sem que um termo seja “inútil” ou “esteja sendo apagado”.
Esta é uma ideologia mais rara do que a ideia de que “ninguém precisa ou deveria precisar de rótulos e quanto mais pior”, mas ela existe e também é nociva. Nem todas as pessoas vão querer definir suas identidades da forma mais específica possível, e nem todas as pessoas se encaixam completamente nas definições dos termos que usam para se definir.
Eu espero que você só esteja fazendo este comentário por tentar entender o motivo de eu ter usado caelgênero ao invés de gênero-estrela no meu exemplo (a resposta é, como tentei falar, que gênero-estrela não é necessariamente um estetigênero enquanto caelgênero é), ou por ser uma pessoa gênero-estrela que se sentiu representada pelo exemplo e que queria expressar que se encaixa nele. Caso não seja por isso, espero ao menos que você não seja o tipo de pessoa que olha para o motivo de alguém se definir como algo e “corrige” seu rótulo com base em seus conhecimentos de rótulos mais específicos que encaixariam, e, se você for, espero que com esta resposta você esteja aprendendo que isso não é legal de se fazer.
Ler sobre rótulos diferentes e explorar similaridades e diferenças entre eles é ótimo! Porém, é importante lembrar que nosso conhecimento nem sempre está completo e nunca deve ser usado para invalidar as identidades de outras pessoas. 🙂
~ Ás
CurtirCurtir
Isso existe?
Olha sinceramente quero q alguém me explique…
Genero é como vc se identifica, se sente, se vê, não com o que vc é ligado ou como se veste.
Tipo? “Caelgênero: Um gênero esteticamente relacionado com o espaço/cosmos.” ?? Como assim vc seu identifica como espaço ?
🤨
CurtirCurtir
Se tem gente que se sente desta forma, obviamente é algo que existe, independentemente de sua capacidade de entender as experiências alheias.
Xenogêneros não são necessariamente sobre se identificar com corpos não-humanos (embora tenha gente que se enxergue de tal forma e não há nada de errado com isso). Identidade de gênero é um assunto subjetivo e complexo, e muita gente só consegue explicar a própria identidade de gênero com metáforas que vão além de noções de gênero relacionadas com gêneros binários.
É complicado simplesmente explicar uma experiência tão pessoal para alguém que não sente nada parecido, especialmente quando quem pede explicação já se mostra numa posição defensiva de duvidar das experiências alheias. Posso sugerir que você tente procurar relatos de pessoas xenogênero, mas estes também tendem a conter metáforas e subjetividades, que talvez não sejam algo que você consiga entender.
Enfim, aqui estão alguns relatos de pessoas gênero-estrela, caso você realmente tenha interesse em entender mais sobre como essas pessoas se sentem. Não sei se essas pessoas se veem como caelgênero, mas acredito que seja um termo próximo o suficiente para dar uma ideia dos motivos pelos quais pessoas usam esses termos:
https://archive.fo/UHMMQ
Aqui tem algumas respostas que talvez ajudem também:
https://xeno-generos.carrd.co/
CurtirCurtir